domingo, 9 de março de 2008

ARTUR DA TÁVOLA, sobre o amor

Aos que não casaram,
Aos que vão casar,
Aos que acabaram de casar,
Aos que pensam em se separar,
Aos que acabaram de se separar,
Aos que pensam em voltar...

"Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de
saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja.
O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares,
ao cônjuge ou a Deus.
A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a
sedução tem que ser ininterrupta.
Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de
voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma
relação que poderia ser eterna.
Casaram. Te amo pra lá, te amo pra cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso
de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas
que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e
às vezes nem necessita de um amor tão intenso.
É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero.
Disposição para ouvir argumentos alheios.
Alguma paciência... Amor, só, não basta. Não pode haver competição. Nem
comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram
previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos,
acessos de carência, infantilidades.
Tem que saber levar. Amar, só, pouco.
Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões
pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar.
Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que
ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar. Entre casais que se unem
visando à longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio,
amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um. Tem que haver
confiança.
Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não
escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão.
E que amar, "solamente", não basta.
Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver
discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser
bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor
é grande, mas não é dois.
Tem que saber se aquele amor faz bem ou não, se não fizer bem, não é amor. É
preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega
o ônus da onipotência.
O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta."


ARTUR DA TÁVOLA

Um comentário:

mario disse...

imágenes, de eso están echas las imágenes y estas a su vez, de otras imágenes más
un saludo

y gracia

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